MAMOAS DO FULÃO

O que são as Mamoas?
As Mamoas são monumentos funerários, constituídos por uma Anta ou Dólmen que se encontram no interior de um monte de terra que o recobre formando uma elevação artificial. O nome Mamoa ou Mamua, dado pelo povo, provêm da semelhança deste monte com os seios femininos.

Estas elevações correspondem a uma cultura muito antiga, com cerca de 5000 anos, espalhada por toda a Europa e parte da Ásia, a que se chama Cultura Megalítica (de Mega = grande e Lithos = pedra) por causa das grandes pedras que compõem o Dólmen.

As Mamoas do Fulom são dois túmulos, descobertos para a ciência por Francisco Martins Sarmento no final do século XIX, bastante destruídos no início do século XX, mas que preservam a essência do monumento, que é a elevação exterior.

Alguns autores associam esta elevação a uma “gravidez” da terra, logo a um culto à Mãe Terra

No Fulom, a destruição dos Dólmenes provocou a perda de informação sobre os períodos em que os túmulos foram utilizados. Todavia, sabemos, por outros exemplos que eles terão sido usados em diversas épocas, ao longo de mais de 2000 anos! No seu interior os mortos eram sepultados com materiais destinados a garantir um mínimo de continuidade do seu estatuto numa vida para além da morte. Os corpos encontrados (em regiões de solos alcalinos) aparecem muitas vezes em posição fetal – a posição dos bebés no seio materno– o que reforça a ideia de um culto à Terra Mãe. O Dólmen seria um útero de pedra onde o morto encontraria o repouso do retorno à sua mãe grávida.

Dotados de uma tecnologia mais evoluída a partir do Neolítico e da invenção do machado de pedra polida, muito mais eficaz do que os seus antecessores de pedra lascada, os homens puderam criar espaços de cultivo e pastagem em clareiras artificiais capazes de garantir a sua fixação num dado território. Nesses novos territórios construíram os seus túmulos – as Mamoas.

As grandes pedras do Dólmen foram cortadas com recurso a cunhas de madeira muito seca ( seca junto a uma fogueira). Essas cunhas eram enfiadas em orifícios alinhados na pedra e depois eram regadas com água. Quando inchavam com a água as cunhas partiam a pedra em grandes blocos.

Uma vez cortados, os grandes blocos de pedra eram arrastados até ao local onde se queria fazer o túmulo. Os Esteios – blocos que ficavam ao alto e constituíam as paredes do túmulo, eram deixados cair para dentro de buracos aberto no solo, ficando semi enterrados, como se pode ver na figura do painel 1. Até a terra envolvente ficar mais sólida eram provavelmente fixados com troncos. Não sabemos se utilizavam animais para puxar as pedras, mas dado que eram pastores, esse facto é muito provável. Não sabemos também se o sistema de atrelagem ao animal seria o desenhado. O desenho constituí pois apenas uma hipótese.

Quando o Dólmen estava quase completo, faltando apenas a tampa ou tampas (o dólmen tinha corredor), construía-se uma rampa de terra e pedras, que preparava a Mamoa, servindo ao mesmo tempo de acesso ao topo para colocação das pedras de cobertura.

Uma vez mais o desenho é conjectural, uma vez que não sabemos se o sistema de tracção era o representado e tão pouco sabemos se as pedras eram transportadas em cima de rolos de madeira.

No final da construção do Túmulo, todo o conjunto era tapado, deixando as aberturas abertas apenas durante o enterramento, certamente acompanhado de cerimónias rituais que desconhecemos.

Estes túmulos não eram sepulturas colectivas, mas eram, muitas vezes, reutilizados. Neles deveriam ser enterrados os notáveis das comunidades. Os materiais associados aos enterramentos deste género, em Vila do Conde, falam-nos de guerreiros – porque aparecem armas – e de metalúrgicos – porque aparecem cadinhos de fundição. Note-se que nas comunidades primitivas os metalúrgicos, senhores da fundição dos metais, eram considerados como dotados de poderes extraordinários – já então o poder que era conferido pelo saber se equiparava ao domínio das armas! Outros elementos, também presentes, como cerâmicas e ornamentos teriam um uso mais comum.

Mais um espaço, agora megalítico, que mostra bem a dinâmica envolvente da Junqueira, no contexto das Terras de Faria, ao longo dos séculos, neste caso, milénios.

Apesar de quase desconhecido, o Conjunto Megalítico do Fulom é, sem dúvida, um dos mais importantes marcos da nossa herança cultural.

TRUTA DE CHANTADA

Em 1819, o Morgado de S. Simão, Senhor do Mosteiro, Bento José Rodrigues d´Oliveira Machado, dado aos seus gostos piscatórios, construiu no Lugar de Chantada um pesqueiro, onde variedade de peixes abundava.

A ribeira de Chantada, com ligação ao Rio Ave, recebia barbos, escalos, trutas, salmões, enguias, entre outras espécies.

Em dia afortunado, coube-lhe em sorte uma grande truta, que ele quis perpetuar no local que a pescou. Assim, gravou em baixo relevo a respectiva truta, no tamanho normal e com a data registada no seu interior. Na altura, corriam os mais saborosos  comentários, dizendo-se que a truta tanto pesava cinco quilos, como uma arroba.

O certo é que, com fidelidade, ali está registada a proeza do Morgado.